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Não é verdade? Não é a própria sensação de osso amolecendo quando surge aquela pessoa que promete mudar as cores das suas manhãs e o ritmo de seus movimentos?

E lá vem o danado do amor atrás da gente e amolece os ossos de novo… quando parece eterno, termina. E as pernas, que eram fortes e altivas, vão se desmanchando feito areia movediça e perdendo-se no chão.

Sem avisar, assim, em plena luz do dia.

Como se você não fosse mais precisar delas para nada. Definhando feito ossinho de galinha no copo de Coca-Cola.

E por que esse sentimento tão simples e complexo, instiga intensamente nossos cinco sentidos? Todos eles levam ao amor. O cheiro, o tato, a visão, a audição e o paladar.

Estar apaixonado faz com que todos os sentidos sejam de verdade percebidos. Como tudo pode ser tão simples e bom? Do cheiro do pescoço ao mais singelo encostar de peles, numa descoberta mútua, surpreendentemente emocionante de texturas, movimentos e sensações.

E se olham com idênticas força e ternura. Decifrando o indecifrável.

A fala dos apaixonados ainda soa poesia, mesmo com todas as bobagens e diminutivos tolos que saem das bocas daqueles que amam.

Eles gostam de se ouvir. Sobre as coisas que fizeram, as histórias que gostaram, os erros que cometeram. Os medos que sentiram, as viagens que foram legais e as que ainda podem ser. Os sons do amor vão além das lindas letras e melodias das músicas dos enamorados. Quem ama ri alto, chora mais alto ainda e é capaz de deixar lágrimas rolarem de felicidade, regando o melhor do amor: a emoção da conhecida surpresa.

E os amantes comem… e como comem!

Já percebeu como tudo isso pode, ao invés de encantar tão simplesmente assim, fazer você nausear ou sentir vontade de sair gritando pela rua?

Ouvir a gargalhada de alguém que você não gosta mais de estar perto todos os dias, tampouco acha graça, pode ser extremamente irritante. Encostar na pele dessa mesma pessoa pode ser um sacrifício quase pior do que sentir o cheiro do seu pescoço ou, ainda, encarar a figura, que só lhe desperta uma certeza: você não queria que ela estivesse ao seu lado.

Nesses casos (porque as pessoas têm objetivos diferentes nesse mesmo mundo em que todos vivemos), o paladar é o sentido menos atingido. Também não chega a ser uma ofensa fazer uma refeição ao lado desse ser insuportável. Nota como tudo pode ser diferente sem amor?

E assim os sentidos fazem pleno sentido para os que têm o que esperar de alguém. Quem tem um amor trate de cuidá-lo como uma frágil florzinha. Porque apesar dessa maravilhosa explosão de sentidos, é muito difícil amar com calma e com ossos mais ou menos no lugar que a gente espera que eles estejam. Há quem leve uma vida toda para aprender, e há, infelizmente, quem não seja abençoado nunca com essa totalidade de sensações.

Feliz Dia dos Namorados!

Por Mariana Bertolucci

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