Yasmin Brunet bbb24

Quando saiu a lista de participantes do Big Brother Brasil 24, assisti a um vídeo da Yasmin Brunet, no qual ela conta a sua mãe, Luíza Brunet, que vai participar do programa. E pede conselhos.

Luíza Brunet recomenda à filha usar a inteligência para fazer boas discussões. Escolher um grupo legal, mas não deixar de articular com todo mundo. Aproveitar as festas. E, se for permitido, fazer topless. Por que não?

Há uns cinco anos, na praia, presenciei uma mulher que decidiu tirar a parte de cima do biquíni. O guarda-vida, no alto da guarita, fez sinais sonoros com um apito, balançou o dedo indicador, de um lado pro outro, gesticulando um “não”; e colocou o braço sobre o próprio corpo, em alusão ao ato de cobrir os seios. A mulher obedeceu. Isso ocorreu em Tramandaí, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.

Apesar de não ser crime no Brasil, fazer topless pode ser considerado um ato obsceno. E levar mulheres à prisão. Assim aconteceu com Beatriz Coelho, ex-namorada da atriz Camila Pitanga, em janeiro de 2022. Ela foi levada à delegacia, onde teve os pés algemados, após se recusar a cobrir a mama enquanto tomava sol, em uma praia do Espírito Santo. Quem pratica ato obsceno em lugar público pode ser punido com multa ou detenção de três meses a um ano.

O vídeo da Yasmin Brunet me lembrou tanto o caso que presenciei quanto o caso da Beatriz Coelho.

Em ambas as situações, imaginei a opressão que mulheres podem sofrer. Senti o privilégio que é andar sem camisa, mamilos ao vento, sem ser criminalizado, considerado sexualmente disponível, vulnerável ou vulgar. Também pensei que, independente de a Yasmim seguir os conselhos da mãe, essa poderia ser uma das pautas levantadas por esta edição do Big Brother. De certa forma, está sendo.

Nesta quinta, dia 11 de janeiro, um dos assuntos em alta no BBB24 foi o tom dos comentários dos participantes Maycon e Luigi sobre eles não se aproximarem da Yasmin Brunet pela forma “mais sexualizada” dela se vestir e se comportar, e por ela ter um piercing no mamilo. “Quando ela saiu com aquele vestido transparente a primeira vez, não vou mentir, falei: ‘Não posso olhar”‘, disse Luigi.

Maycon continuou: “Imagina o Dado (Dolabella, namorado de Wanessa) aqui e Yasmin Brunet aqui. Daqui a pouco, ela tem um piercing no mamilo e, do nada, ele bate o olho. Chama atenção. Não é do meu (feitio) ficar olhando porque é tarado”. “Para o nosso olho de homem chama atenção”, completou Luigi.

Há um Projeto de Lei (PL 190/22) que propõe alterar o Código Penal, para deixar claro que não deve ser considerado ato obsceno expor o corpo humano acima da linha da cintura, em qualquer ambiente público, especialmente em praias, margens de rios e piscinas. O texto está em análise na Câmara dos Deputados.

É importante ressaltar que, enquanto homem, esse assunto não é meu local de fala. Que muitas mulheres, inclusive, podem discordar de tudo que mencionei. E que o Big Brother Brasil tem dessas: o paradoxo de ser considerado um programa medíocre e, ao mesmo tempo, levantar discussões sobre homofobia, racismo, intolerância religiosa, machismo, assédio e misoginia.

Vale destacar, ainda, que assistir ao BBB não é demérito. Que tu não te tornas mais inteligente por não gostar. Mas demonstras bastante insegurança intelectual ao sentir necessidade de criticar.

No podcast Bá que papo desta semana, trouxemos para a pauta o assunto do momento: BBB24. Nossa convidada foi a especialista em reality, jornalista e roteirista publicitária Julia Zago.

Ouça agora no Spotify clicando aqui. Para ler outros textos da coluna Bá experiência, acesse este link.

Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio

CategoriasSem categoria

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.