​​​Estou sentada na minha mesa predileta no café ‘Le P’tit Coco’, cujo nome é uma homenagem à imortal Gabrielle ‘Coco’ Chanel. Orfã de mãe, criada em um orfanato no interior da França, de lá saiu adolescente para revolucionar o mundo da moda.  Além de libertar a mulher do desconfortável espartilho, permitiu que vestisse calças, indumentária até então reservada ao clã masculino. Perpetuou no nosso imaginário, o colar de pérolas, um,  vários, duas voltas, três voltas, braceletes, brincos e anéis. Nada mais Chanel que um look ornado com tais acessórios. A estilista misturava as pérolas com irreverência, com a  maestria de quem sabe o que, como e porquê. O icônico perfume da Maison, o Chanel n°5, é vendido no mesmo frasco desde 1921, com o monograma CC intertravado, também desenhado por Gabrielle.

​​​São tantas as criações de mademoiselle: é bolsa matelassê, é tailleur em tweed, é sapato bicolor, – menção especial ao pretinho básico, ode à Chanel (1883-1971), única estilista mulher a figurar no rol das pessoas mais influentes do século XX, segundo a classificação da revista Times.  Não é pra qualquer um; melhor, não é pra qualquer uma. Quanto orgulho para nós, mulheres, tamanha distinção. 

​​Embora sua residência fosse uma suíte do Hotel Ritz, o apartamento, situado no número 31, da Rue Cambon, que usava para trabalhar, receber clientes e  amigos, foi, há alguns anos, restaurado pelo designer de interiores Jacques Grange, fiel ao gosto da artista por biombos de Caramandel, estatuetas de animais, e objetos com um feixe de trigo, seu símbolo fetiche, metáfora de uma vida em constante renovação. Tombado no rol do patrimônio histórico francês desde 2013, a visita, contudo, é restrita a poucos afortunados.

​​… Entre correntes e mantôs, vou lembrando das novas coleções, dos sucessivos estilistas, sempre obedientes ao estilo ditado pela designer, aquela que ousou afrontar os rígidos códigos do vestuário feminino, tornando a silhueta mais livre, mais leve e mais feminina. É imenso… O universo de Coco Chanel não cabe numa só crônica, outras virão! 

Por Maria Alice Ripoll

Paris, outubro de 2024

CategoriasSem categoria

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.