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Encontro marcado na 70ª Feira do Livro de Porto Alegre

Há um encontro marcado da Sociedade dos Poetas Mortos Gaúchos nesta 70ª Feira do Livro de Porto Alegre. Numa das noites entre 1º e 20 de novembro de 2024, sem nenhum alarde, os fantasmas de diversos escribas que foram patronos se reunirão para conversar sobre os rumos da literatura e para matar as saudades das barracas e da Praça onde frequentaram vendendo seus livros, conversando com seus leitores, respirando o ar primaveril exalado pelos jacarandás. Ninguém sabe ao certo quando, exatamente, será a noite e se alguém os irá enxergar. Talvez um bêbado desavisado ou um mendigo pense estar vendo coisas. Talvez. Mas quem sabe, longe dos jornalistas e dos olhos dos transeuntes diurnos, haja uma festa das letras proporcionada por defuntos imortais.

Erico lembrará seu Incidente em Antares no qual os mortos levantam da terra para julgar uma cidade. Josué explicará como escreveu Os Tambores Silenciosos e como fez a voz calada por uma ditadura, soar mais alto do que mil tambores. Caio contará que seu Os Dragões não Conhecem o Paraíso foi feito para marcar a inexistência de paraísos, mas a realidade de dragões. Urbim, por sua vez, com sua Que graça de traça, dirá que BIblió comeu todos os títulos infantis da feira deixando uma marquinha de lembrança para que as crianças nunca esqueçam dela.

O poeta Mario lembrará, entre os sabiás que anunciarão a aurora ainda distante, que “Eles passarão, eu passarinho” e Scliar contará que O Exército de um Homem Só Existe! E que ninguém passará por cima dele. Maria Dinorah, por sua vez, uma das três poetas que já nos deixaram e que foram patronas, lembrará que “O livro é aquele brinquedo por incrível que pareça, que entre um mistério e um segredo, põe ideias na cabeça.” Ao seu lado, Lya com sua A Asa Esquerda do Anjo estará guardando a paz da noite. Ainda Patricia Bins com sua Trilogia da Solidão provará que os poetas, escritores, sábios artistas não morrem jamais. Vivem do amor retribuído pelo amor que ofereceram em suas histórias. E que como diz o título de sua autoria, Antes que o amor acabe deixemos a Praça quieta na madrugada para que eles vivam eternamente.

Por Susana Vernieri, escritora, poeta e jornalista

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