Madonna

Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio

“Se falarem que o jornalismo é problemático, provocante ou extravagante, definitivamente, ele está fazendo algo certo. Falo para os rebeldes do mundo: vocês são vistos, ouvidos e apreciados”.

Esta frase é de Madonna, em um discurso na 65ª edição do Grammy Awards. Quando ela anunciou a performance da música “Unholy“, com Sam Smith e Kim Petras. A apresentação de Sam e Kim venceu na categoria “Melhor Performance de Dupla/Grupo Pop“. O discurso, obviamente, não falava sobre jornalismo

Madonna, na verdade, falou sobre o papel da arte. Eu que troquei a palavra “você” por “jornalismo”. Uma provocação. Assim como trocaria “artistas estão aqui para perturbar a paz”, outra frase da rainha do pop em entrevista a Jimmy Fallon, por “jornalistas estão aqui para perturbar a paz”. Faz sentido? Por mais paradoxal que soe — principalmente para a própria Madonna, uma crítica ferrenha ao tratamento misógino que recebeu da imprensa ao longo dos anos —, sim, faz sentido. Explico.

O experiente jornalista Carlos Wagner, que ingressou no Jornal Zero Hora em março de 1983 e trabalhou como repórter investigativo até outubro de 2014, disse esta semana em sua participação no podcast Bá que Papo: o jornalismo é fundamental para a civilização. Por mais que as pessoas, por vezes, nos odeiem.

Carlos Wagner tem 38 prêmios, entre eles, sete Essos regionais, a premiação mais importante da imprensa brasileira. Tem 18 livros publicados e, aos 67 anos, foi homenageado no décimo segundo encontro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), em 2017. 

Madonna completou 65 anos esta semana. De carreira, são quatro décadas, sendo pioneira e carregando consigo um ativismo político dentro da arte, que renderem turnês proibidas, clipes censurados e as três vezes em que foi excomungada pela Igreja Católica. Sete Grammys, dois Globos de Ouro, 21 VMAs, infinitas entradas nas paradas da Billboard e 19 recordes mundiais. O que Madonna e Carlos Wagner têm em comum, além de propriedade para falar do papel das suas profissões?

Talvez, até ontem, eu diria que não possuem nada em comum, além da experiência e coleção de prêmios. Nem sei se Carlos Wagner é fã de Madonna ou a detesta. O que encontrei em comum neles é a consciência, cada um na sua área, de que nem artistas nem jornalistas estão aqui para agradar. Ao contrário. Muitas vezes, estão para provocar, fazer pensar. E muita gente não está interessada nisso. Por esse motivo, odeiam artistas. E odeiam jornalistas.

Assim como a arte não está somente para entreter, o jornalismo não está só para informar. E sim para perturbar.

No podcast Bá que papo desta semana, falamos sobre a carreira de Madonna, sobre o seu aniversário de 65 anos completados esta semana e sobre o lançamento do livro Entre um Gole e Outro – Conversas de Boteco, a primeira coletânea de crônicas publicada pelo selo da Bá Editora

Com textos de 11 jornalistas com amor pelas palavras e pela camaradagem de encontros semanais sempre às quintas, há cerca de cinco anos, em um boteco de esquina no bairro Menino Deus em Porto Alegre.

Participaram do Bá que Papo dois deles: Ricardo “Kadão” Chaves e Carlos Wagner, que inaugurou recentemente aqui na a coluna Histórias mal contadas. Ouça agora no Spotify clicando aqui. Para ler outros textos da coluna Bá experiência, acesse este link.

Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio

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