Black Mirror

Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio

Com episódios independentes entre si, a série Black Mirror foi criada pelo britânico Charlie Brooker para nos apresentar diferentes possibilidades de um futuro distópico, ao qual chegaremos pelo uso exagerado da tecnologia

Em cada episódio, uma provocação diferente que permite nos enxergarmos ali, inseridos em um contexto absurdo. Não à toa, a palavra “espelho” está no nome da série. Black Mirror. Espelho preto. Uma metáfora da nossa imagem refletida diariamente nas telas que usamos: smartphones, computadores, televisores, tablets

O melhor e mais agoniante feito de Black Mirror sempre foi o de retratar um futuro que, embora alternativo e distópico, não está muito distante de nós. Tão paradoxal quanto assustador.

Na recém-lançada sexta temporada, porém, nem todos os episódios focam nos perigos da tecnologia e de como o mundo pode seguir um caminho tortuoso e se tornar bizarro. Com exceção do primeiro episódio, o “Joan is Awful” (“A Joan é péssima“), que satiriza a vigilância das big techs (grandes empresas de tecnologia) sobre nós, meros mortais; os riscos da inteligência artificial para a geração de deep fakes; e as armadilhas dos termos de uso, através dos quais entregamos nossa vida ao baixar um aplicativo e concordar com todos os termos. Sem nem ler a primeira linha, sabe? Pois então.

Mas, como disse, no geral, a sexta temporada muda um pouco de perspectiva. Em entrevista, Charlie Brooker disse que a escolha foi consciente, porque “o seriado não diz que tecnologia é algo ruim, a série comenta como as pessoas estão fod**as.'”.

De primeira, não concordei. Depois pensei: “OK, entendo”. Tudo bem querer se descolar da classificação de série antitecnologia. Até porque, a tecnologia tem lados positivos e negativos. 

Não tenho dúvida alguma, por exemplo, de que o uso excessivo das redes sociais deteriorou as relações sociais e aumentou a solidão. Qualquer um que, assim como eu, não é um nativo digital (que nasceu antes da internet), percebe isso. Ao mesmo tempo, o que seria da humanidade sem uma tecnologia hoje banal, como o refrigerador doméstico?

O problema não é a tecnologia, é o que fazemos com ela. E nosso comportamento, convenhamos, tem sido problemático e vergonhoso. Da destruição de interações humanas reais e naturais, por conta do vício em rede social, até a perda de vidas por um mergulho nas profundezas de um oceano em busca de uma experiência de turismo fantasmagórica.

Esse é o debate em torno de Black Mirror, em todas as temporadas. Inclusive na sexta. Vamos ficar atentos às transformações trazidas pela tecnologia e ser saudosos do mundo analógico (eu sou). Ao mesmo tempo, nos policiar sobre o uso que estamos dando a um mundo cada vez mais complexo. Sempre em sinal de alerta.

Nesta semana, no podcast Bá que papo, mergulhamos nos cinco novos episódios de Black Mirror e compartilhamos nossas reflexões sobre a tão esperada sexta temporada. Além disso, a Mariana Bertolucci conta sua experiência no show do Jota Quest, em Porto Alegre, onde foi gravado o DVD da tour JOTA 25.

Ouça agora no Spotify clicando aqui. Para ler outros textos da coluna Bá experiência, acesse este link.

Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio

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