Big Brother Brasil 24

Enquanto pessoa LGBTQIA+, me desaponta a militância que esvazia uma pauta séria como é a homofobia. Assim como racismo, discriminação por sexualidade ou identidade de gênero é crime e, por óbvio, deve ser combatida.

Da mesma forma que não basta não ser racista — é preciso ser antirracista — utilizo-me desta verdade para afirmar que também não basta não ser homófico, é necessário ser antihomofobia. E, a nós, homens, não basta não ser machista, temos o dever civilizatório de ser antimachista.

Justamente pela seriedade, importância e respeito que estas pautas merecem, causa-me incômodo gente que milita de forma vazia, cínica e inapropriada. Como fizeram alguns para defender Davi, o campeão do Big Brother Brasil 24. Existe, de fato, o estigma racista do homem preto, inteligente, de personalidade forte, que não abaixa a cabeça para nenhuma pessoa branca. Ele é taxado de quê? De mal educado, violento, intimidador. A mulher preta nessas mesmas situações é rotulada como raivosa. Barraqueira. Deselegante

Refletir sobre tais estereótipos presentes no racismo estrutural, e sofridos por Davi dentro da casa, é perfeitamente possível e necessário. Isso não anula, porém, os defeitos do vencedor do BBB24. E não fazem racistas os que não torceram por ele. 

Ao mencionar a militância com esvaziamento da pauta, me referi ao temeroso subterfúgio utilizado muitas vezes para defendermos quem gostamos. Davi foi um participante chato? Foi. Teve falas problemáticas? Teve: “Sou homem, não viado“, dita no início da temporada; e “gostaria de ter um filho homem para ensiná-lo a ser macho“, proferida horas antes da final do programa.

Considerar tais falas um traço de homofobia e não uma “gíria regional” não é esvaziar a luta contra a homofobia. Dizer que Davi não foi estigmatizado pelo racismo estrutural também não é. No entanto, considerar racista quem o acha chato; quem acredita que ele teve falas problemáticas do ponto de vista da LGBTfobia; e quem preferia outra pessoa como ganhadora do reality no lugar dele, isso sim, é militar errado. Sem mais.

Esta semana, no podcast Bá que papo, convidamos a nossa especialista em reality, a jornalista, podcaster e roteirista publicitária Júlia Zago, para comentar o que achamos da edição 24 do Big Brother Brasil. Será que acertamos os nossos palpites que demos lá no começo do programa? Ouça agora no Spotify clicando aqui.

Para ler outros textos da coluna Bá experiência, acesse este link.

Bá experiência por Diogo Zanella do Estúdio Telescópio

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