O Brasil precisa de uma formadora de opinião como a Fernanda Lima e de um programa que aborde o tema com a coragem e o humor do Amor e Sexo, porque é um país cheio de Joãos de Deus e Rogers Abdelmassih

Aí, vem a sua tia contestar que é uma pouca vergonha, libertinagem e vulgaridade desnecessárias em rede nacional — uma abordagem distorcida do amor e do sexo — e que não tem necessidade dar tanta voz a grupos tão exóticos e minorias tão pequenas, já que a realidade não é beeeeem assim.

É bem assim, titia. A realidade brasileira, bem como a mundial, que você não quer ver ou não está enxergando, está, sim, repleta de novos padrões de gênero. Eu, provavelmente como você e a sua tia, não consigo acompanhar ou compreender tamanha diversidade — e também não acho que crianças devam mergulhar neste tema e seus conflitos precocemente. Por isso o programa começa tão tarde — é classificado para adolescentes maiores de 14 anos, não por acaso, quando boa parte dos jovens começa a despertar para a sexualidade.

O fato de não entendermos não significa que não temos que respeitar as opções e opiniões diferentes das nossas. Além da diversidade sexual, são tempos de novos formatos de famílias e, infelizmente, também de muito preconceito e violência contra as mulheres, LGBTs, negros, índios, pobres e pessoas especiais. São tempos de desamor, de incompreensão e de falta de respeito pela liberdade de opinião.

Antes que você pare de ler esse texto, dizendo para si mesmo que não quer saber de mimimi e que lá vem mais uma feminista enjoada, cabeluda, esquerdista, recalcada e repetitiva, falando de direitos iguais, eu te peço que me acompanhe.

Nós precisamos muito falar de amor e sexo na televisão, na internet e em casa com os nossos filhos, amigos e familiares, porque amor e sexo importam para a nossa felicidade e fazem a nossa vida ser mais legal. Mais real! Talvez, por ser um tema tabu, misterioso, pouco falado com naturalidade entre as pessoas, o sexo e também o amor ainda provoquem tanta insegurança e confusões mentais e emocionais nas nossas vidas.

Se você prestar atenção nos últimos 20 ou 30 anos da sua existência, você já deve ter vivido, ou esteve perto de quem viveu, situações de abuso em ambientes de trabalho, eventos sociais ou até dentro da sua própria casa — em suas relações mais íntimas. Porque ouvir desaforos e ser destratada pelo seu companheiro, que mesmo sem lhe agredir fisicamente a humilha e debocha da sua cara há 20 anos, também é um abuso e tanto! Não me espanta que a senhora não tenha vontade nenhuma de transar com esse traste e tenha tirado o sexo da sua vida. Isso não é justo e é um desrespeito que pode lhe custar a própria felicidade! Também não está certo, você que é gay e que passou a vida toda ouvindo brincadeirinhas doloridas sobre o seu jeito diferente, afeminado ou masculinizado, continuar escutando esse tipo de coisa ou sentir medo de beijar o seu parceiro ou parceira na rua, em pleno 2019.

Está longe de ser a melhor coisa do mundo, você chegar todos os dias no emprego do qual você tanto precisa para pagar o colégio do seu filho e a cuidadora da sua mãe, e dar de cara com aquele chefe(a) ou colega nojento(a) que baba quando você passa, deixando todos desconcertados na sala e você ainda mais sem graça, sem nenhum buraco à vista para se enfiar. Sem falar naquele dia em que você agradece porque ninguém se “descontrolou” no metrô ou no ônibus e ejaculou nas suas costas.  

Outra coisa muito ruim de acontecer é você, que é negro, perceber que alguém sentiu medo de você porque você passou rápido e perto, quando voltava de um dia cansativo de trabalho, só por causa da sua cor. Outra coisa muito triste é você ver, que ao lado de uma turminha de crianças alegres e risonhas está o seu filho autista excluído, brincando sozinho e tristonho no pátio do colégio, que orgulha-se de oferecer uma educação inclusiva.

Também é bem complicado você dizer para a sua filha que ela não deve transar com muitos parceiros porque vai ficar com fama de “galinha” na escola, mesmo que o primo dela, da mesma idade, seja cada vez mais popular na mesma escola porque já fez sexo com muitas meninas. Quem fez essa regra, hein!?

Estamos só falando do cotidiano mais ou menos “normal”. Se você é um adulto com mais de 30 anos e nunca ouviu falar, viu ou viveu esse tipo de situação simplesmente desrespeitosa e dura, que estamos acostumados a vivenciar e conviver, ou você está mentindo para si mesmo ou é um ET.

Nada disso é bom — nada disso é fácil para quem vivencia essas realidades escancaradas aos nossos olhos todos os dias, na faculdade, no trabalho, no colégio dos filhos, nas academias, nos centros espíritas, nas seitas em prol do amor… Em todo o canto!

Isso sem falar na tara, na doença, na pedofilia, no racismo escancarado, no desrespeito, no descontrole e na agressão física e verbal. Então, mesmo que você não goste nem da apresentadora e nem do programa (está tudo bem, eu também não sou chegada no Campo & Lavoura), deu para entender por que falar, rir, chorar, desmistificar Amor e Sexo é tão importante?

Por Mariana Bertolucci

  1. Virvy Tangerino says:

    Amor amor e mais amor em todas as formas em todos os lugares entre todas as pessoas o tempo todo simples assim fechando com chave de ouro sexo a gente quer sexo uhuuuuuu 😘❤️🙏

  2. Maria da Penha Ferreira Silva de Sousa says:

    Adorei, respeito total por esse post, ótimo fim de ano, boas festas, muito amor e sexo pra todos nós, e que caiam por terra. TODO TIPO DE PRECONCEITO, 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼♥️💞♥️💞😘😘😘

  3. Maria da Penha Ferreira Silva de Sousa says:

    Adorei, apoio total a esse post, ótimo fim de ano, boas festas, muito amor e sexo pra todos nós, Deus te abençoe imensamente 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼♥️💞♥️💞♥️💞😘😘😘😘

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