Hermes Gazzola

A dúvida e o medo não estão no vocabulário de Hermes Gazzola: “Ouvi minha intuição, abandonei o medo e a dúvida enfrentando os fatos. A cada vitória, a dúvida e o medo que inventava para me autossabotar tranformavam-se em poder e autoconfiança. A intuição é um flash que vem sem pensar e indica o caminho. Só quem está em forma decifra a intuição. É inútil ser inteligente sem vontade e ambição. Progredir para si mesmo, não para ser melhor que os outros.”

O empresário é pai de três filhas, a mais velha Bianca, filha do primeiro casamento com Kitty Suarez, Victória e a caçula Isabella, filhas de seu casamento com Regina Gazzola e avô de Pedro, filho de Bianca. Atualmente, ele mora em Londres.

Hermes Gazzola é alta performance. Fundada em 2021, a nova marca de Hermes chama-se Splenda Parus Refeições SA. Já são 900 profissionais trabalhando para os 100 restaurantes entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, onde estão as duas sedes. A Splenda já nasceu alinhada aos paradigmas de sustentabilidade que o novo olhar para o mundo exige. Valorizando a conexão com as pessoas e a natureza, o respeito ao planeta, ao produtor e a utilização integral dos alimentos, sem ultraprocessados, com menos sódio, embutidos e aditivos químicos.

O Family Office – dividido nos pilares Investimentos, Controladoria e Serviços da Família e Filantropia, que inclui o ICHG – Instituto Cultural Hermes Gazzola e o Centro de Memórias HRG – é um importante braço do legado desta história inspiradora de determinação, que iniciou no dia 1º de janeiro de 1957, quando Hermes nasceu.

Segundo de quatro filhos, ele é natural de Vila Maria — cidadezinha perto de Marau e Passo Fundo. A infância foi feliz, solta na natureza e simples. Aos 8 anos, o guri curioso fez uma caixinha de lustrar sapatos como viu em Passo Fundo e levou a novidade para as saídas das missas em Vila Maria, assim fez sua primeira economia. 

Sofreu bullying por ser do interior quando chegou com a família a Porto Alegre no ano seguinte. Os Gazzola iam abrir uma madeireira, mas por sorte deu tudo errado e a família abriu um pequeno restaurante que crescia sem parar.

O pai cuidava das compras, a mãe da cozinha e os filhos eram os garçons. Estudando de manhã e ajudando ao meio-dia no restaurante, aos 14 anos, foi Francisco, seu pai, que conseguiu o primeiro trabalho como officeboy. Em quatro anos, o determinado adolescente passou pelas áreas de pessoal, contabilidade e financeiro e foi fisgado pelo meio empresarial. Se destacou e foi selecionado para uma ótima posição pela Shell, entre muitos candidatos. Mesmo ascendendo na carreira, sua grande paixão era atender as pessoas. Ele adorava. Conhecia cada cliente pelo nome, seus gostos e até notava quando não iam ao restaurante. Seu Avelino, em especial, atraía sua atenção: “Ele estacionava seu Ford Landau, que parecia maior do que a nossa primeira casa em Porto Alegre.” 

Um dia seu Avelino foi pagar e perguntou para o pai de Hermes se ele não queria abrir um restaurante dentro da sua empresa. Todos os seus funcionários almoçavam no restaurante, mas as filas e a chuva dificultavam. Seu Chico respondeu que já não dava conta do próprio negócio. Hermes entrou na conversa: “Eu cuido, pai!”. Conservador e atento, o pai rebateu: “Tu ainda é um guri irresponsável e vai estragar o nome da família! 

Seu Avelino ficou constrangido e saiu. Hermes foi atrás: “Seu Avelino, eu poderia conversar com o senhor na sua empresa?”. Em 1978, em uma semana Hermes abriu a firma individual HG. Quase sem respirar, foi direto falar com a mãe, dona Gema: “Mãe, levanta! A senhora confia em mim. Vou dar minha vida por este trabalho. Me ajuda com o pai.”

Esperta, Dona Gema pegou junto com o filho no primeiro ano e cedeu sua melhor cozinheira. Nascia um império. E agora? Largar tudo e começar com 30 refeições, empregados, ir na Ceasa às 5h da manhã. Ele sabia bem a luta da  família. Sim! Sem medo e sem dúvida. 

Aos 18 anos foi morar sozinho e aos 22 formou-se em Administração de Empresas, fez pós em Finanças e Gestão de Pessoas e cursou a Universidade Disney em Orlando. De 30 refeições dia, em 30 anos do Rio Grande do Sul à Manaus construiu com os colaboradores uma empresa de 1 milhão de refeições por dia, em 1.200 restaurantes e com 23 mil profissionais, que só em 2010, faturou R$ 1,26 bilhão.

Mesmo com um lucro, sucesso e crescimento absurdos, o perspicaz CEO foi novamente instigado por seu faro certeiro. Ele sabia que seu negócio não ia em caminho promissor. A decisão era drástica: transformar os clientes em cozinhas locais e independentes, para evitar os problemas de abastecimento e armazenamento. Foi dado aviso prévio para todos que não desejassem seguir no novo modelo e a cozinha central foi desativada. O faturamento caiu pela metade e o lucro diminuiu 75%. Menos produtividade, mas mais consistência e solidez. Nos 15 anos da Puras, Hermes tomou outra decisão preciosa: “Iríamos crescer com gente da casa, ‘o pior da casa é o melhor do mercado’. Impossível uma empresa com 10 mil pessoas não ter gente para crescer.”

A Puras parou por quase um ano e resistiu. Transformou-se na Grande Puras, um ensinando o outro. Quando a Puras foi vendida, por R$ 1,2 bi, a diretoria inteira era formada por trainees.  

Na cabeceira, leituras como Quem é John Galt, Falconi, Jim Collins, Norberto Odebrecht, Psicologia do Líder, Profunda Simplicidade, Nascimento da Era Caordica. A Puras nasceu profissionalizada desde o primeiro dia e permaneceu sem empregar nenhum familiar. Faz terapia há 20 anos e foi aluno do Nuno Cobra. Depois de três décadas dentro de empresas de todos os ramos e de todos os tamanhos, a gestão da Puras foi inspirada nas melhores práticas dos melhores clientes. Copiar tudo e não inventar a roda. Eram inaugurados cerca de 10 restaurantes por semana do Rio Grande do Sul a Manaus. Essa soma de convicções e práticas somadas a uma postura humilde e persistente influenciou seu estilo de vida: “Todos meus erros aconteceram pelo meu estilo de vida não condizente a de um líder de alta performance. Errei com pessoas, nas finanças, enfim na gestão como um todo. Quase quebramos 2 vezes. Aos poucos fui me encontrando e me entendendo melhor. Fatos externos não quebram uma empresa, são os fatos internos que quebram um negócio. Quando paramos de culpar os outros, tudo melhora.”

Mais um segredinho: “Estar bem fisicamente, mentalmente, emocionalmente e espiritualmente. Dormir. Sono é tudo. Sozinho de preferência. Cada um pode ter a sua cama, ou o seu quarto, ou melhor ainda, sua casa. Fazemos nosso destino. Estamos no comando da vida. O mundo é sempre de escolhas!”

Por Mariana Bertolucci


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  1. Enivaldir Alvarenga says:

    Fui funcionário de Puras no Espírito Santo, e fui transferido para o Rio de Janeiro.
    Tenho grandes recordações desse grande líder.
    Dois anos depois de ter saído da empresa por motivos pessoas.
    Minha minha ex esposa que na época ainda trabalhava na empresa, em um dos seminários organizados por ele, falou que eu era um grande fã dele.
    E ele fez questão de saber como eu estava, se estava precisando de alguma coisa e se colocou a disposição caso eu precisasse.
    Isso só aumentou a minha admiração e respeito por ele.

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