Conheci Carlos Eduardo em um domingo de sol. Ele passeava na mesma calçada que eu. Nos olhamos de relance. Primeiro ele me seguiu, depois disfarçou e entrou em um prédio. Eu, não sei porque, perguntei para o porteiro: esse cachorrinho é do prédio? Ele me respondeu que não, que andava aparecendo e algumas ficavam com pena e outras o espantavam. Sem pensar muito fui em casa, peguei uma guia e um biscoito. Foi assim que nossa história de amor começou.

De início escondi o novo personagem da família. Já tinha dois peludos em casa, certamente iriam me taxar de louca. O namorado que tinha na época fez exatamente isso e não demorou muito para seguir em frente. Mas Carlos Eduardo, agora com sobrenome de Curico Junior, permaneceu e foi um dos melhores presentes que ganhei.

Temos nossas discussões, claro. Seu gênio ruim se manifesta quando me aproximo do seu focinho ou mexo nas suas patas. Locais proibidos para qualquer um de qualquer espécie. Mas essas pequenas rusgas não duram muito. Logo quer colo. É do tipo grude, teatral e fiasquento, mas também popular entre os amigos da praça e fanático por bolinha.

Nesses 10 anos já passamos por dois nódulos malignos e três cirurgias. Na última, tomamos juntos praticamente um porre do Floral de Bach Rescue para nos acalmar na sala de espera.

O Rakiram, terapia com a qual trabalho, também entrou na minha vida por acaso. Estava passando por uma separação, uma amiga indicou. Entrei como paciente em 2001, saí como Mestra em 2009. Até hoje faz todo sentido para mim e está presente no meu dia a dia. Não só como trabalho, mas como filosofia de vida. E eu que era da área da Comunicação, passei a trabalhar com terapia complementar graças a esse encontro que mudou meu rumo.

Esses dois amores só foram possíveis porque eu disse sim. Não pensei, nem planejei encontrá-los. Eles surgiram, eu aceitei o convite e embarquei. Se tivesse colocado o racional na frente poderia dar mil desculpas para não fazer uma coisa e nem a outra. A gente sempre acha razões, desculpas, motivos quando quer. Não estou preparada, não posso agora, dá trabalho, não cabe no meu orçamento, já tenho dois cães, não faz sentido, sou boa nisso para que mudar?

Mas quem sabe que oportunidades se escondem nesses presentes? Às vezes, podemos até nem seguir o primeiro caminho, mas fazer o movimento nos levará a outro lugar que fará sentido. A intuição nunca nos decepciona. Conectar a mente com essa sabedoria maior é abrir espaço para que coisas importantes aconteçam. Esse chamado acontece sem esforço. Como dizem os Mestres do Rakiram*: é fácil e cômodo, como nossa existência deveria ser.

Então, como diz o texto “Filtro Solar”, se eu puder dar um conselho: não se preocupem (ou pré ocupem) tanto. Façam planos, mas não se deixem engessar nessas metas. Nossa jornada não é uma planilha de excel, com fórmulas programadas. E apenas dizer sim pode ser o início de lindas histórias.

* Os Mestres que ancoram a energia do Rakiram são Radamés, Kiron ou Kryon e Ramatis. Vem daí também o nome da técnica.

Por Liège Alves, jornalista, terapeuta floral e mestre em rakiram

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