Bom, esse primeiro texto é para vocês me conhecerem um pouco mais. Então, lá vai. Meu nome é Liège Alves e a primeira paixão que tive na vida foi uma biblioteca. Minha mãe era professora e, como teve problemas com a voz, foi transferida para esse lugar mágico. Todos os dias, eu ia acompanhada de um adulto levar uma térmica de café para ela. Lembro até hoje do cheiro daquele lugar e dos livros. Quase sempre pegava o mesmo para ler, o da Bela Adormecida, aquela linda que dormia encantada. Neste lugar li meu primeiro romance: As aventuras de Tibicuera, de Erico Verissimo O primeiro texto que escrevi foi aos oito anos. Uma peça de teatro intitulada “Golpe do Baú”. Eu era a protagonista. Uma senhora idosa e rica que Átila, casado com Marisa, tentava seduzir. O conceito do espetáculo bem prafrentex. Se passava em vários lugares. E o público tinha de andar de um lado para outro para acompanhar. Começava na churrasqueira e depois, a cena se deslocava para a casinha de bonecas. Ensaiamos muito, mas o gran finale foi inesperado. Após o ardiloso Átila ser desmascarado por Marisa, haveria uma briga do casal e o combinado era que a atriz desse umas vassouradas na parede e ele gritasse. Mas os atores se empolgaram. Na fuga, Átila abriu o portão e, saíram à bala, como diria minha mãe, os cães perdigueiros do meu pai. Fim de todos os atos com crianças da vizinhança correndo e gritando enlouquecidas pelo pátio. A peça não teve segunda temporada.

Por conta das atividades artísticas e literárias, vivia de peruca kanekalon loira falando sozinha no meu quarto ou atrás de portas. Até que minha mãe resolveu fazer uma consulta para atestar minha sanidade. O diagnóstico da médica: excesso de imaginação. Depois dessa frase o quadro ficou cientificamente explicado. E eu escapei de ser medicada porque não existia Ritalina na época. Na adolescência um baralho de cartomancia veio parar na minha mão. E aquelas cartinhas voavam para todos os lados, dando consultas nos dilemas dos amigos. Me tornei vegetariana em uma época que só existia praticamente a macrobiótica como opção de restaurante. Descobri a astrologia com uma discípula de Emma de Mascheville, que introduziu no país um novo olhar sobre o tema. Também me iniciei na Meditação Transcendental. Assim, meio por acaso, descobri outra paixão: a história do oculto.

Então, talvez por gostar de livros, de contar histórias, acabei fazendo Jornalismo. Mas primeiro fiz Publicidade, antes ainda História e o primeiro vestibular foi para Artes Plásticas. Sim, confesso, minha vida nunca foi uma linha reta. Está longe de ser. Pelo meu apego ao papel, sempre atuei em veículos impressos. Fui repórter, editora. Quando senti que não havia mais para onde ir na redação, trabalhei com comunicação corporativa. Criei minha editora. O nome Essência veio quando estava tomando banho. Lembro que fui consultar uma numeróloga para saber qual grafia funcionaria melhor. Antes de sair, pedi que meus mestres dessem uma dica para saber se estava no caminho certo. Em uma sinaleira uma pessoa pediu dinheiro, eu dei. Antes de arrancar, ele me entregou um folheto com São Jorge na frente e a oração dele atrás. Mais sinal verde que Ogum eu desconheço. Acelerei e virei empresária. Paralelo a tudo isso, durante um momento de separação, conheci o Rakiram. Era um mundo desconhecido. Mas eu disse sim. Fiz todas as iniciações e, em 2009, me tornei Mestra nessa terapia considerada complementar. O relacionamento com os Florais foi tão sutil como seus efeitos. As essências foram surgindo em pequenos cursos, leituras. Até resolver fazer a formação e me especializar também em ajudar animais. Encontrei nesse mundo do “invisível” a terceira paixão. Comecei trabalhando com essas técnicas como voluntária. Na minha cabeça teria que fazer uma formação acadêmica para ser terapeuta complementar. Até entender que o caminho era menos mental e mais do coração, foram anos de trabalho pessoal, estudos, cursos e aprendizados, muitos. A pandemia me trouxe a certeza de que estava na hora de mudar. Olhar para o universo terapêutico como caminho profissional. E lá fui eu, desta vez na casa dos 50, fazer outra reviravolta. Talvez por isso minha mãe achou tão engraçado quando eu anunciei que iria aprender a costurar. Ela sabia que eu era incapaz de seguir linhas retas.

PS: Enquanto escrevia essa primeira crônica, um passarinho veio na minha janela e ficou aqui me olhando por um tempo. Aos poucos, quem sabe, descubro que sinal foi esse.

Liège Alves, jornalista, terapeuta floral e mestre em rakiram

Arte/colagem: Liège Alves

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  1. Daniele Barbieri says:

    Liege,
    Que texto lindo!
    Desejo que esse caminho que estás trilhando agora seja cheio de alegrias e sucesso.
    Grata por compartilhar conosco o sua história e seus dons. ❤️

  2. Teresa Cristina Machado says:

    Liege linda, certo que tua coluna vai acontecer por aí com toda esta riqueza de caminhada que anda na tua bagagem, tua criatividade excessiva mesmo, teu humor maravilhoso e tua generosa certeza de que estás em missão. Que felicidade te perceber nesta vibração tão alta. Beijos.

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