Quem entende minimamente do assunto sabe que costurar envolve paciência.

É preciso aprender que nenhum projeto é uma linha reta. No meu caso, que o forte não está na fita métrica e a mente voa com facilidade, muito menos. Para uma amadora, as linhas tortas fazem parte. E como!

Antes de mais nada, para costurar é preciso saber que existem etapas, planejamento. Desde a escolha do que vamos fazer, tecido, até a forma de executar. E também aprender a descosturar. Essa fase é meio frustrante. Quando parece que vamos chegar lá e finalizar algo nos leva para trás. Lembro de um jogo de infância que era assim. Eram pinos coloridos e a gente jogava os dados e ia se movimentando pelo tabuleiro. A pegadinha era que, se não tivesse na raia, alguém poderia te ultrapassar e te jogar de volta para o início. O nome era sugestivo: devagar se vai ao longe. Não adiantava reclamar. A regra era essa: recomeçar se quisesse seguir o jogo.

Mas na corrida contra o tempo que vivemos no mundo adulto não tem muito disso. Queremos agora e já pensamos no próximo passo. Não há muito espaço para desfrutar do caminho. Pensando nisso, criei um projeto chamado Clube Essencial. Na prática um grupo vai se reunir de forma on-line para fazer algo que poucos fazem: se dar ao luxo de parar um pouco e ter um momento de autocuidado para que a semana e a vida comecem a ficar mais leves.  

A proposta é mergulhar em temas que provoquem reflexão e transformação pessoal e receber uma sessão de Rakiram, uma terapia que limpa os campos sutis e proporciona equilíbrio emocional e mental. A partir dessa base, é possível passar pelos desafios diários de uma forma mais saudável e repensar escolhas e padrões negativos. 

Esses encontros auxiliam na reconexão com a essência pessoal, daí a inspiração para o nome. Afinal, quem sou de fato debaixo de tantas camadas de crenças, rotinas, afazeres, medos? Não seria bom lembrar disso e construir uma vida que seja coerente com o que você deseja? Sair do campo da reclamação, da repetição e redescobrir esse caminho de volta para casa?

Bom, é nisso que estou mergulhada até os ossos. Aproveitando que o mês de fevereiro parece com um limbo e o ano, que realmente começa em março, ainda está por chegar. Mesmo consciente de todos os passos que preciso dar, tem a parte tecnológica importantíssima para ter som e imagens bons, escolher a plataforma mais adequada para subir os vídeos, exercícios e práticas. Esse processo me conduz por áreas que não domino e nas quais preciso ter a sabedoria de pedir ajuda. Para cada detalhe funcionar preciso fazer, refazer, testar. Não é à toa que na costura se faz peças piloto. É um ensaio. 

Caminhos novos não costumam vir acompanhados de bula. O jeito é contar com a experiência e não temer o frio na barriga! O processo de criar expande. Sair do conforto da imobilidade, unir nessa costura habilidades às vezes esquecidas. Testar resiliência. 

Esses dias, quando quebrava e esquentava a cabeça para comprar “o” microfone de lapela correto que fosse compatível com o celular, tivesse qualidade de áudio e me permitisse fazer movimentos que preciso, me dei conta de que as dúvidas e aflições não eram em vão. Viver esse processo de construção com todas as emoções que isso traz é parte essencial para auxiliar mais adiante outras pessoas a fazerem a mesma travessia. Depois que entendi esse propósito, os arremates finais do projeto fluíram super bem.

Por Liège Alves, jornalista, terapeuta floras e mestre em rakiram

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