Sabe aquela conversa de que para se manter feliz e saudável é preciso encontrar a sua criança interior? Eu sou tão conectada com a minha e consigo percebê-la e esbarrar com ela em tantos momentos e situações (seriam esses sinais serelepes da minha imaturidade?) que no meu caso, desconfio que o melhor é fugir dela de vez em quando.

Estou há alguns dias em Gramado, que é o meu jardim de infância predileto, onde minha criança entra em transe de alegria, euforia e experimenta uma cítrica e delicada melancolia dos sabores e cheiros que moram nas curvas do tempo. Há exata uma semana, quando o mundo assistiu perplexo os primeiros ataques dos terroristas do Hamas, que já tirou a vida de milhares de inocentes, que minha criança interior está descompensada, alerta, assustada e dilacerada. Como disse a minha amiga Juliana Davis “cabem todas as emoções no meu corpo”. Ainda sem entender direito o que acontecia no mundo (tem coisas que são de verdade inexplicáveis) no último domingo, 8 de outubro, senti uma gratidão imensa por dividir a palavra com escritores na Feira do Livro da cidade dos meus avós, no dia em que a minha avó Edelvira completaria 108 anos. No dia seguinte, me reuni com centenas de adolescentes na Escola Estadual Caramuru. Foi muito bom interagir e contar as histórias para uma turma cheia de sonhos e o futuro pela frente. Uma aluna perguntou como a escrita entrou na minha vida. Fui arrebatada pela Mariana de 10 anos, curiosa, sapeca, movida a muitos sonhos e esperanças. Contei a minha história e da Tia Mara, a primeira professora que me incentivou a continuar me esforçando porque tinha ideias geniais. Foi naquele exato momento, quando reli a minha redação (essa que você vê parte acima) que acabou ganhando um concurso da Brigada Militar para estudantes da 4ª série, que eu entendi que escrita podia me levar a lugares e sensações que me transformariam na pessoa que eu desejava ser um dia. A minha mãe emoldurou a redação (o que deixou essa memória fresquinha na minha cabeça e simbolizou a ternura daquele momento) e o meu pai me encheu ainda mais de livros. Nunca mais parei de me esforçar. Encontrei um lugar seguro e acolhedor, onde conseguia me expressar com clareza e liberdade. Quarenta anos depois, saí da escola Caramuru preenchida de carinho e de lembranças doces.

Deu até para esquecer por algumas mágicas horas que a Amazônia está incendiando, que podemos perder o direito de casar com pessoas do mesmo sexo se for adiante um projeto que tramitou no Congresso Nacional e que seguimos assistindo milhares de civis e crianças israelenses e palestinas que não tiveram a sorte de viver uma infância normal como a minha e talvez a sua, porque foram e continuam sendo cruelmente assassinadas pelos terroristas do Hamas e agora com o conflito incessante.

O HAMAS NÃO REPRESENTA A POPULAÇÃO E A JUSTA CAUSA PALESTINA. São assassinos monstruosos e terroristas crueis, fascínoras, a escória da humanidade, que precisa ser eliminada porque não cabe mais nesse planeta. Não há mais espaço no mundo para que um grupo terrorista pregue o extermínio da única democracia forte do Oriente Médio: Israel. Violência gera violência. Inocentes não podem pagar com a vida uma intolerância milenar, medieval e estúpida. Todo o extremo é ignorante e nocivo. Não politize o que é uma questão de humanidade.

Por Mariana Bertolucci

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