Na semana em que completa 86 anos, nada mais justo que homenagear mais uma vez Paulo Gasparotto. Há quase seis décadas (58 anos) é ele quem traduz em palavras e imagens os mais relevantes acontecimentos sociais e culturais de Porto Alegre.

A tradição nesse ofício que o jornalista e leiloeiro desempenha incansavelmente, transformou sua assinatura em um ícone. Em meio ao frugal universo de notícias de festas, viagens e vestidos, ele dosa com inconfundível propriedade a relevância de eventos culturais, sociais, sem abrir mão de dar pitacos políticos e com frequência faz resgates da memória porto-alegrense e gaúcha, em registros e relatos sempre transbordantes de conhecimento e bom senso.

Homem de muitos gostos, um apaixonado por plantas, viagens, animais, arte, antiguidades, música, moda, literatura e pessoas, já assinou colunas sociais nos mais importantes jornais da capital gaúcha ao longo de quase seis décadas de vigorosa trajetória na imprensa. Em novos tempos, Paulo é desafiado permanentemente a se atualizar. Com habitual humor ácido, profissionalismo, destreza e interesse, ele segue fazendo seu velho e bom colunismo social no portal www.paulogasparotto.com.br, em uma época em que, como ele mesmo diz, todas as pessoas, são cronistas de si mesmas à bordo de seus smartphones.

Nascido no primeiro dia do signo de Touro, dia 20 de abril de 1937, em Porto Alegre, ele começou a carreira no final dos anos 1950, com a pauta decoração para o jornal Ele e Ela e, depois, para a Revista do Globo. Ainda na década de 1960, criou a lista As dez mais elegantes, e o baile Catálogo de Brotos.

É tema de um documentário do cineasta Zeca Brito e também da exposição Paulo Gasparotto – Certas pequenas loucuras…, com curadoria de Paula Ramos, que marcou seus 50 anos de carreira trazendo para os salões do Santander Cultural arte sacra e antiguidades, passando por imagens de Porto Alegre e pelo seu fascínio pelos pés, cães e jardins.

Sua rotina, antes no casarão antigo no bairro Farroupilha hoje no belo apartamento na Duque de Caxias, é organizada mas não é rígida, pois Gasparotto faz questão de circular rápida e discretamente pelos eventos para os quais é convidado, E são muitos. Há alguns anos, perdeu Celita, sua grande amiga e fiel escudeira, que por quase cinquenta anos trabalhou ao seu lado, cuidando de tudo, dele, da casa e dos três cães. Para manter a disciplina e aos 86 anos, Gasparotto tenta jamais deitar-se depois das 23h30min. O despertador é as 6h. “Aí começo e não páro. Dou uma pausa depois do almoço e sigo. Cada dia é diferente”.

Batizado Paulo Raymundo Gasparotto, o mais conhecido colunista social da história do jornalismo gaúcho fez vestibular para Ciências Sociais e acabou cursando as Jurídicas. Mas foi a missão de contar histórias e ir atrás dos fatos que sedimentou sua trajetória profissional. O flerte com a comunicação iniciou-se na TV Piratini aos 24 anos de idade. De 1965 a 1978, dedicou-se ao colunismo social diário no Jornal Zero Hora, passou pelo Correio do Povo e retornou a ZH em 1980, onde ficou até 2001, quando passou a assinar uma coluna diária no jornal O Sul. Migrou para a plataforma digital, onde segue trabalhando com a mesma curiosidade e afinco porém sem tanta cobrança. Sobre a nova fase, ele desengaveta sempre alguma observação pertinente ao ser humano, é exatamente aí que reside seu diferencial: além de cultura e conhecimentos vastos sobre história, arte, seus meandros e personagens, o jornalista desvenda e revela com elegância ímpar o comportamento dos maiores expoentes da sociedade gaúcha, seu alvo há décadas. A paixão por arte e antiguidade é herança materna do filho único criado superprotegido no bairro Menino Deus “Meus pais eram um casal e idosos, casaram tarde para época, Não queriam filhos e vim de surpresa.” Passou por muitas escolas e concluiu o Ginásio em um colégio chamado Emilio Mayer, época em que namorava uma colega com a qual acabou casando aos 17 anos. Ávido pela vida e seus aprendizados, assim seguiu Paulo Gasparotto, como ele mesmo se define: muito expansivo, muito louco, muito apaixonado por animais e extremamente criativo. Parabéns Paulo querido. Obrigada por relatar com paixão e dedicação únicas a vida e os costumes da nossa gente.

Foto: Isidoro B. Guggiana

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  1. Neca says:

    Paulo é figura ímpar, sempre elegante e de uma inteligência e cultura muito expressivas! Desde os meus antepassados, ele fez parte da minha história! Obrigada e parabéns, Paulo!

  2. Paulo says:

    Paulo representa entre nós a figura mais digna e completa de um gentleman. Como descreves, é homem de vasta cultura, forte e de rara atuação profissional, sempre presente aos eventos da cidade, enfim. Mas se eu pudesse e devesse mencionar a principal característica deste príncipe que é Paulo Gasparotto, seria a generosidade, que talvez só fique abaixo de sua discrição. Um querido e valioso amigo meu, um patrimônio de nossa cidade. Parabéns querido Paulinho. Saúde e vida longa!

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