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Jamie vs Britney: série documental prometeu, mas não cumpriu

Jamie vs Britney

O caso da tutela de Britney Spears tem muitas camadas.

Poderíamos falar sobre a narrativa da mídia estadunidense, desde 2007, que colocou Britney no lugar da mulher louca, desequilibrada e em surto. Ou sobre a normalização que a privação de liberdade feminina recebe em várias partes do mundo. Ou, ainda, sobre a bizarra relação de posse que um pai pode desenvolver sobre uma filha. 

Mas, se você deseja entender cada uma dessas camadas da tutela da princesinha do pop, assista ao documentário Framing Britney Spears, e depois a sua continuação, Controlling Britney Spears: Em Busca de Liberdade. Ambos lançados em 2021 e produzidos pelo The New York Timeseles estão disponíveis na Globoplay.

Porque, sendo bem honesto, Jamie vs Britney, da HBO, torna-se raso diante da complexidade de informações que este caso tem. E olha que é difícil, pela primeira vez, tecer críticas a um produto com a chancela de qualidade HBO.

Só que Jamie vs Britney, primeiro, não traz depoimentos de nenhum dos dois. Talvez, a ideia inicial era entrevistá-los. Porém, como é sinalizado ao final do primeiro episódio — dedicado a contar a versão de Jamie —, o convite para participar da obra não foi aceito pelo pai da cantora

O recurso para fornecer cada lado da história foi o de conversar com pessoas no entorno de Britney e de Jamie. São entrevistados moradores de Kentwood, a cidade em que Britney foi criada; a escritora da biografia da mãe de Britney, Lynne Spears; e um dos paparazzi envolvidos no ataque de Britney a um carro com o guarda-chuva.

Também são ouvidos jornalistas que cobriram o caso, a ex-maquiadora de Britney Spears e o produtor da turnê The Circus Starring Britney Spears, de 2009. E, de maneira muito breve, é mostrado o movimento Free Britney, que desempenhou um papel fundamental para libertá-la. (Sim, precisou de um grupo de fãs, formado em sua maioria por mulheres e homens gays, para que o caso viesse à luz).

Conclusões sobre Jamie vs Britney? Mais do mesmo. Não traz nada de novo, e outros documentários já abordaram o tema de maneira mais eficaz.

É com pesar que falamos isso, pois, mais uma vez, é uma história obscura e com muitas camadas. Na qual levantam-se questões éticas e misóginas da imprensa. Na qual percebe-se a influência do machismo nos tribunais norte-americanos. E na qual sente-se o peso do patriarcado sobre os ombros das mulheres na sociedade norte-americana.

Afinal, a tutela visa proteger pessoas incapazes de gerir a própria vida, como os casos de alzheimer. E que, no entanto, foi utilizada para controlar opressivamente as decisões pessoais, a liberdade e o próprio corpo de Britney (ela foi obrigada a usar um DIU contra a sua vontade para não poder ter filhos).

Trata-se de um caso que constrange — ou deveria constranger — os Estados Unidos. Que caldeirão efervescente de absurdos, né?

No episódio desta semana do podcast Bá que papo, falamos sobre o caso da tutela de Britney Spears, e nos atualizamos do mundo pop comentando os novos hits de Miley Cyrus e Shakira, e o anúncio da Celebration Tour de Madonna.

Acesse este link e ouça agora no Spotify!

Bá Experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio

Foto: divulgação HBO

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