BÁRBARA GOMES

Formada em publicidade e propaganda pela FAMECOS e em cinema no Rio de Janeiro, Bárbara Gomes trabalhou como assistente de câmera (película) muito tempo. Foi migrando para o digital e fez muita câmera, até chegar na TV como assistente de direção e produção executiva, onde ajudou a criar o canal Arte1. Foi nessa época, que por sugestão do primogênito Antônio começou a fotografar metades de retratos de personalidades inspiradoras com metades reais de gente conhecida dela: “O Antônio pediu pra eu fotografá-lo com a metade de uma foto da Adriana Calcanhoto que tinha lançado o disco infantil dela: Adriana Partimpim. Nunca mais parei de fotografar as metades.” A gastronomia foi chegando de mansinho, com a necessidade de cozinhar, e virou profissão há cerca de 10 anos. Passou pela Padoca do Mani, onde criou o selo Cura Vegana. Comandou a cozinha de um cruzeiro vegano pela Amazônia durante um mês. Mãe de Antônio, Jorge e Francisco, Bárbara voltou de São Paulo para morar em Porto Alegre em 2023. Filha de pai bageense e mãe de Belém do Pará, Barbara nasceu em Floripa e cresceu na capital gaúcha e por aqui tem reencontrado seus dons, os afetos e uma vida saborosa e criativa. Sorte a nossa.

Você é criativa de formação, como foi fisgada pela gastronomia. Tem alguma preferência pela arte ou a gastronomia?

Sempre gostei de comida de verdade, e várias coisas paralelas me levaram pra alimentação saudável: um tumor, a prática de yoga, introdução alimentar dos filhos. Um dia que uma amiga me visitou e sentiu cheiro de bolo, comeu e disse: “Vamos vender na minha feira” (a feira na Rosembaum). Comecei com o Receitas da Mãe Bárbara e o bichinho me mordeu. Acho que arte e gastronomia estão interligadas. Gosto muito das duas, difícil eleger uma preferida.

É comum você receber um retorno mais profundo do projeto das metades?

Sim, esse projeto das “Caras metades” me emociona muito, num lugar que só esse trabalho me toca, não sei explicar. Fico muito realizada quando a pessoa que fotografo sente a força e a inspiração dessas metades e se emociona. Como se todos tivéssemos um pouco de todas essas personalidades marcantes que assistimos, lemos e ouvimos. Mexe mesmo.

Porto Alegre está cuidando bem você? Como é voltar depois de 25 anos?

Porto Alegre está cuidando de mim sim e sendo muito generosa comigo e meus meninos. Estou amando estar de volta. Como diz o Gil “Como se ter ido fosse necessário para voltar”, totalmente isso.

Maior desafio de criar três filhos homens?

O maior desafio de criar três filhos homens é ser desafiada o tempo todo. Mostrar para eles o que está acontecendo com a queda do patriarcado, que o movimento das mulheres é muito potente e só traz verdades, para eles ficarem atentos. E serem gentis. Na pandemia eu lia Sejamos todos Feministas da Chimamanda Ngozi Adichie, em voz alta. Todo dia muita conversa.

TELMO REIS

Em 1964 Telmo Reis formou-se em Medicina pela UFRGS. Dois anos depois, o jovem médico completou a residência em Neurocirurgia, em Porto Alegre, seguindo os estudos em Londres. Desde então, além da mulher, Silvia, dos filhos Marcelo e Alexandre, pais de Ana Laura, Pedro e Benjamin, o que move a vida do gaúcho de Santo Ângelo é desvendar o sistema nervoso para melhorar a vida das pessoas. Já realizou perto de 1000 cirurgias. Muitas delas de extremo pioneirismo e excelência. Boa parte da sua vida foi dedicada aos estudos da Doença de Parkinson. Hoje é consenso que a cirurgia para implante de estimuladores cerebrais ajuda no alívio dos sintomas e melhora a qualidade de vida dos pacientes. Sobre o tema, Telmo já publicou diversas obras técnicas, e mais recentemente, tem se dedicado à ficção. Lançou em 2023 o romance Vila Branca e deve publicar ainda neste ano o segundo volume da instigante história que fala com delicadeza sobre feminismo e tem como pano de fundo um misterioso crime. Na ficção ou na ciência, o que move o criativo médico é a paixão e empolgação pela existência humana e todos os seus mistérios.

Como escolheu a neurologia? A mente humana sempre o encantou?

O primeiro contato com a neurologia foi na faculdade. A neurologia nunca foi óbvia, despertava curiosidade e medo. Meu pai nos levava ao cinema e ao circo: o equilibrista, o acrobata, o casal trapezista, vem daí o interesse pelos os movimentos e sua coordenação. Depois a neurologia tinha todas as explicações.

Quais os sintomas iniciais e as perspectivas de quem tem Parkinson?

Um dos capítulos maiss ignificativos da neurologia se chama Distúrbios dos Movimentos, o estudo anatômico e funcional de tudo o que fazemos: sorrir, piscar, comer, caminhar, cair e levantar. A Doença de Parkinson (DP) determina limitações. O início é lento, sutil, nem o paciente percebe e por isso sua causa ainda é difícil de determinar. Começa com a progressiva perda do olfato, alterações do sono e da função intestinal. Anos depois, o primeiro tremor, quando é a melhor hora para buscar o especialista e definir o diagnóstico. O tratamento inicial é medicamentoso, depois e se houver indicação, cirúrgico. Ambos evoluíram muito com novas drogas e técnicas.

O que a literatura extravasa que a medicina não basta?

A literatura contribui também reafirmando o valor de cuidar-se a prática de uma vida saudável, exercícios físicos, administrar o estresse, a religiosidade.

Qual a relação que você estabeleceu com a escrita e a ficção? Podemos esperar o segundo volume do seu romance?

A literatura sempre me encantou. As experiências de viver e de viajar, as observações, me possibilitaram ver mais, aprender, e um dos fatos observados: o descuido dos homens no trato com as mulheres. “Descuido” é uma palavra branda, porque em alguns lugares o adjetivo deveria ser outro. Minhas histórias traduzem o desconforto que estas observações sempre me causaram. Casa de Lora deve sair no fim deste ano.

Por que a demência está cada vez mais comum e precoce?

Há predisposições genéticas somadas ao estresse, a vida sedentária, um diabete ou hipertensão arterial mal cuidados. E as pessoas estão durando mais.

NOTAS DA SEMANA

FOREIGNERS EVERYWHERE

Começou ontem e vai até 24 de novembro a maior e mais antiga (desde 1895) bienal do mundo. Batizada de Stranieri Ovunque – Foreigners Everywhere, a 60a Bienal de Veneza, pela primeira vez sob a curadoria de um latino-americano aposta com coragem e personalidade no conceito “estrangeiro em todo lugar”. O curador-geral da mostra é o brasileiro e diretor artístico do Masp Adriano Pedrosa, que reuniu 332 artistas indígenas, estrangeiros, outsiders autodidatas, LGBTQIA+ e estreantes em mostras internacionais, como alguns países africanos e as obras de Frida Kahlo, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Portinarti, Tomie Othake que também estão em Veneza pela primeira vez. Com 90 países representados, essa edição tem também a presença da romana naturalizada brasileira Lina Bo Bardi, uma das arquitetas mais importantes do país, (autora de projetos como o Sesc Pompeia e o Masp). Outra ítalo-brasileira ganha merecido protagonismo. Com uma instalação inédita Indo e Vindo, Anna Maria Maiolino, que aos 81 anos, recebe o Leão de Ouro, premiação máxima da instituição, pelo conjunto de sua obra.


MATERNO & ETERNO

A Gravura Galeria de Arte escolheu 39 artistas para transformar em obras de arte o amor maternal. A coletiva tem trabalhos de diferentes técnicas de pintura sobre tela, gra v ura s, de senho s, técnica mista e esculturas. Materno & Eterno abriu ontem e poderá ser visitada até o final de abril no espaço de arte da Corte Real. Entre os artistas que participam Alice Soares, Biba Mattos, Clara Pechansky, Ivan Pinheiro Machado, Kika Herrmann, Lilia Manfroi, Lygia Vasconcellos, Marcelo Leal, Marcelo Spolaor, Margarida Stein, Maria Inês Rodrigues, Marion Lunke, Susana Luft, Tiago Gregorio e Victor Hugo Porto.


ARTE INTERNA

A artista Ana O. Rovati abre na próxima quinta-feira (25/4), às 18h, sua primeira invidual na sala Radamés Gnatalli, no quarto andar da CCMQ. Fissuras sonho-desabafo nasceu de uma ação realizada pela artista entre 2021 e 2022, como parte de sua pesquisa de mestrado em Artes Visuais na Unicamp, em São Paulo. Tanto em sua produção prática quanto teórica, Rovati se interessa pelas relações contemporâneas mediadas por tecnologias de rede e o papel da criação poética diante dessas condições. O projeto acontece a partir de dois cadernos: Caderno-sonho e Caderno-desabafo. Com páginas em branco e uma pequena lista de regras na primeira folha, os cadernos foram compartilhados com diferentes pessoas, que contribuiram e passaram o objeto adiante.


DESIGN TO MOVE

A marca de produtos e tecnologias digitais para fitness, esporte, saúde e bem-estar Technogym marcou presença na Semana de Design de Milão, que encerra hoje. Para festejar as quatro décadas, a empresa reuniu 40 designers e artistas do mundo inteiro, que se inspiraram no Technogym Bench, produto icônico da marca, para criar 40 obras diferentes na exposição Design to Move. Realizada na Via Durini, a mostra explora a relação entre design e bem-estar, estilo e funcionalidade, emocional e tangível, elementos da empresa desde o seu início, quando Nerio Alessandri, aos 22 anos, fundou a marca na garagem da família, unindo três paixões: tecnologia, design e atividade física. Ao lado de designers como Antonio Citterio, Patrícia Urquiola, Elena Salmistraro, Kelly Hoppen, Piero Lissoni, Rolf Sachs, a designer gaúcha Mariana Prestes, do Studio Prestes foi a brasileira escolhida. As obras serão leiloadas pela Sotheby’s com renda integral a UNICEF e algumas estarão em Paris, durante as Olimpíadas.


BURLE MARX

Na agenda de abril do ArtRio Convida, a conversa da próx ima quarta-feira (24/4) é sobre o Instituto Burle Marx, que tem como prioridade preservar as coleções do acervo legado do paisagista e artista plástico Roberto por Burle Marx e seus colaboradores e sua disponibilização pública. Com mediação é de Domi Valansi com transmissão ao vivo no Instagram à partir das 19h30min participam da conversa Isabela Ono, diretora do Instituto BM, Pablo Lafuente, diretor artístico do MAM-Rio, e o artista visual Luiz Zerbini.


TARANTINO IN CONCERT

Num concerto inédito marcado para a próxima quinta-feira (25/4) às 20h, a Orquestra Theatro São Pedro aproxima a música erudita ao universo do pop e do cinema homenageando Quentin Tarantino. Sob regência e direção artística do maestro Evandro Matté, o concerto terá participação dos cantores Andréa Cavalheiro e Rafael Gubert e aprensentará canções e peças instrumentais marcantes de obras do diretor e roteirista norte-americano. No palco do TSP, os temas vão de Cães de Aluguel (1992), até o seu mais recente lançamento, a comédia dramática Era uma Vez em… Hollywood (2019). Cenas icônicas dos filmes de Tarantino serão projetadas em um telão sobre o palco.

O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é Captura-de-Tela-2024-03-11-às-22.57.17-1024x245.png

Artes e Ditadura serão debatidas na próxima terça-feira (23/4) às 19h, na sala Sergio Napp da CCMQ. Para marcar os 60 anos do golpe de 1964, a atividade vai discutir a relação entre as expressões artísticas e a censura. Conduzida pelo historiador Cochise César, na mesa: Alexandre Veiga, Arthur de Faria, Gínia Gomes e Sue Gonçalves.


A exposição Mulheres Artistas reúne trabalhos em diversas técnicas de 20 artistas gramadenses que poderão ser visitadas até o dia 25 de abril no Centro Municipal de Cultura Arno Michaelsen.


Na quarta (24/4), às 19h, a Biblioteca Municipal Cyro Martins de Gramado recebe a escritora portuguesa Ana Isabel D’Arruda que vai lançar As Fantásticas Lendas dos Açores. A realização do evento é da Casa Portuguesa em parceria com a Academia Gramadense de Letras e Artes (AGLA).


O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é Captura-de-Tela-2024-03-25-às-19.26.10-1024x320.png
CategoriasSem categoria

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.