Quem não tem alguma memória com a Tânia Carvalho desde que se conhece por gente? Entre roupas coloridas, argolas douradas e gargalhadas sem fim, ela surge. Mais ruiva, mais loura, morena, grisalha! Falante, atrás de lentes charmosas e imponentes, está uma dama da comunicação. Atrevida, sapeca, esfuziante sempre. De conversa fácil, riso frouxo, sonoro e contagiante. Dona das suas opiniões e de coragem incansável de ser feliz, positiva, transparente. Franca e de gestos livres, com frequência bem-humorada e aberta para cada um dos dias que a vida gentilmente lhe oferece. Tânia vai falando. Se escapa algo comprometedor, como às vezes acontece com todo mundo, ela coloca a mão na boca e espia o interlocutor com um olhar travesso e jeito de quem acaba de fazer arte. E não é por acaso que arte e cultura estão entre suas grandes paixões, ao longo de suas oito décadas de vida sempre esteve ligada e cercada de pessoas ligadas a arte e a cultura.

Primeira apresentadora do jornal do almoço, da TV Gaúcha na época, hoje RBSTV, antes de virar uma das maiores estrelas do jornalismo, Tânia esteve conectada com toda novidade que surgia, Passou pela Editora Abril, Yázigi, Galeria Esphera, fez rádio, publicidade, cinema e atuou também no teatro. Leitora voraz, ouvinte de rádio desde criança, cinéfila de carteirinha, comunicadora nata.

Ausente da televisão desde 2012, há mais de 40 anos ela vive com inseparável companheiro Felicíssimo Medeiros dos Santos: presente, discreto, simpático e amoroso. Sempre foi assim, desde que se conheceram em 1975, apresentados por uma amiga em comum, embora ela já soubesse da existência dele e já espichasse um olho para o médico boa pinta. Ela é mãe de Fabiano e Diogo e tem três netos. Tânia Carvalho dos Santos nasceu em Bagé na casa da mãe e cresceu cercada pelas tias e a avó, núcleo familiar que se formou ao seu redor desde que os pais se separaram, aos 9 meses. Entrou na televisão por acaso, depois de uma entrevista que deu para a jornalista Célia Ribeiro, que já notou o talento e intimidade da amiga com as câmeras.

Atenta e serena. Opinativa e ouvinte. Intensa e dócil. Humilde e firme, maternal e moleca, sensual. Debochada e perspicaz, crítica e compreensiva, Tânia é humanamente contraditória, deliciosamente eclética, popular e requintada na mesma medida. Dramática e cômica. Uma personalidade tão interessante que ficamos a imaginar o que ela diria, como gargalharia, que piada faria sobre esse ou aquele assunto ou filme. Qual grito ou palavrão soltaria para explodir em segundos na mais maravilhosa gaitada. Tânia é verdadeira e se faz presente. Dizendo o que pensa. Vestindo-se como deseja. Gostem ou não das suas verdades, opiniões ou roupas. Porque a sua presença íntima, faceira e forte está no nosso imaginário. No meu, no seu, no de muitas gaúchas e gaúchos. Por isso sentimos saudades da Tânia. E é pelo mesmo motivo que a Tânia sente saudade da gente, do seu público. E a saudade é a coisa mais linda do mundo… porque além, da danada só existir na língua portuguesa, ela é fruto do amor. Do respeito. Da identificação que sentimos uns pelos outros. Viva Tânia! Obrigada por tanto.

Por Mariana Bertolucci

Foto Nathan Carvalho

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